segunda-feira, 13 de abril de 2015

Kaine & Lílliam


http://caim-thomas.deviantart.com/


Em um balcão de bar há um homem -solitário, de olhos baixos, bebendo seu whisk de forma intencionalmente lenta.
Ele observa as pessoas em sua volta, mas sem prestar atenção especificamente a coisa algum; sua mente um frenesi de números, porcentagens, algoritmos financeiros; e sua esposa - Marta.
Sempre a voz de Marta: queixando-se do "alto custo de vida", queixando-se de que o marido mesmo sendo sócio-proprietário de uma firma consagrada de contabilidade, não para de "chorar pobreza". Sempre aquela voz rouquenta dizendo: "Mas Cæsar, você NUNCA tem dinheiro p'ra nada! Até parece - se-lá - um daqueles sem-tetos que a gente vê no notíciário".
No começo, Cæsar ainda tentava explicar que fundos de investimento de longo prazo não eram para serem remexidos a cada vez que sua esposa quisesse um vestido Dior recém-lançado. E Marta se desesperava e dizia "o que direi para minhas ammigas? O que Cæsar?!".
E finalmente aconteceu: Marta envolveu-se com outro homem, alguma espécie de Barão do Petróleo do Oriente Médio, em menos de duas semanas ela entrou com uma ação de divórcio. E, para atormentar a vida de Cæsar, ela queria TUDO. E Cæsar conversava com seus advogados, negociando; enfim fazendo tudo o que fosse possível para que Marta não o levasse à bancarrota.

Então aquilo: aquele Congresso de Contabilidade, um mês em outro estado - sozinho, sem Marta para levá-lo à loucura com suas eternas lamuriações.

Cæsar estava absorto em seus pensamentos, em suas aflições, e quase não deu por conta de uma mulher que sentou-se a seu lado no balcão do bar do hotel e lhe falava alguma coisa.

-- Desculpe, mas você falava comigo? Perguntou Cæsar, enquanto tomava mais um gole de seu whisk e fazia uma careta.

-- Oh, bem, agora já não adianta - disse a mulher - eu estava dizendo que se você demorasse mais, seu malte se tornaria um soro com esse tanto de gelo que derretia no copo. Mas você não me ouviu e agora já descobriu da pior forma do que eu falava. E a mulher terminou sua frase com um sorriso encantador, enquanto virava levemente a cabeça de lado, olhando para Cæsar.

-- Bem, realmente agora é tarde para qualquer aviso.
Concordara Cæsar, enquanto olhava objetivamente para aquela mulher: ela não parecia ter mais que 35 anos, cabelos longos, negros, brilhantes de de aparencia sedosa, presos num coque no alto da cabeça, olhos incrivelmente penetrantes, verdes, parecendo duas jades incrustadas naquele rosto de traços fortes. Sobrancelhas finas, mas que não pareciam de forma alguma desenhadas à lápis ou mesmo à pinça. Orelhas pequenas, com brincos de jaspe vermelho-sange, um nariz afilado, uma testa alta com uma perfeita linha de cabelo. E a pele? Aquela alva pele de brilho tão suave; uma textura como de pura seda quando seu braço resvalou no dele.

Ela sorriu mais uma vez e virou-se para o rapaz do bar pedindo um Cheren Pin’on. Cæsar estranha a escolha mas sorri e resolve puxar conversa:

-- Moça, você não acha que um Cheren pode ser muito forte pra você?
-- Moço, você estava bebendo chá de whisk e vai implicar com meu Cheren? Retrucou ela, rindo em seguida quando percebeu que Cæsar havia ficado sem jeito com sua resposta.

-- Ok, babie, meu nome é Lílliam. Qual o seu?
-- Cê.. Cé... Cæsar (gagejou Cæsar, entre surpreso e divertido com a veemência daquela mulher).

-- Certo. Cæser, como o Imperador Romano? UAL! Um nome forte para um homem bonito. disse Lílliam com um sorriso úmido nos lábios carnudos de um vermelho rubi intenso.

Ele sorriu, sentindo-se mais confiante e pediu mais um whisk (agora com menos gelo) ao atendente de bar, Lílliam pegou seu copo de Cheren Pin'on e seguiram para uma mesa nos fundos do bar do Hotel Turkija-Inn

Conversaram animadamente e Cæsar ficou surpreso ao descobrir que Lílliam também era contadora e estava participando do mesmo congresso que ele, apenas hospedada em outro hotel a poucos quarteirões de distância.

-- Apesar de amanhã ser o último dia do Congresso, pretendo ficar aqui um pouco mais para visitar um amigo com quem não falo a vários anos. Dizia Lílliam

-- "Amigo"? Sei... Mas o pequeno ataque de ciúme de Cæsar foi abruptamente cortado quando, casualmente olhou na direção da porta do bar e viu Marta entrando acompanhada por um homem jovem (até mesmo mais jovem que o próprio Cæsar), alto, com uma pele lustrosa, de uma coloração marrom tanado; um cabelo luxuriante e impactantes olhos verdes; praticamente tão verdes quanto os de Lílliam.
Quando Cæsar ensaiou levantar-se teve seu braço agarrado por Lílliam que disse:

-- Então aquela é a tal Marta de quem você falava? Certo ela está aqui e está acompanhada por aquele jovenzinho; e você pensa em fazer o quê?? Levantar e ir lá fazer o quê?

-- Eu não sei. Mas eu me recuso a ficar aqui e deixar que ela me faça de imbecil desfilando com aquele garotão-de-praia; me fazendo passar atestado de corno!! Não! De jeito nenhum! Vou lá tirar satisfações e vai ser agora!

--"atestado de... corno"? repetiu Lílliam e explodiu numa gargalhada que deixou Cæsar atônito e sem saber o que dizer.
-- Querido, querido, QUE-RI-DO! Começou Lílliam: você está a CENTENAS de quilômetros da cidade de vocês. Quantos conhecidos você encontrou neste bar? Ou no Congresso desde que ele começou?

-- Nenhum, ninguém. Respondeu Cæsar, olhando para Lílliam como se ela estivesse falando de alguma coisa mágica. SIM! Acho que você tem razão garota! Não tem como ela me envergonhar aqui, porque não há aqui ninguém -fora você- que saiba que somos casados; ou mesmo que estamos nos divorciando.

-- Exatamente gatinho. Então você ir lá "tirar satisfação" só iria pegar mal pra você mesmo; e talvez você ainda levasse uma surra do garoto-dourado alí; você reparou no tamanho do braço dele?!

Cæsar considerou aquilo e resolveu não levantar mais da mesa; embora imediatamente uma dúvida lhe passou pela mente:

-- Mas... Então como eu sairei daqui? Nós estamos no fundo do bar, eles estão mais-ou-menos no meio; exatamente no caminho da saída. E se ela nos ver? ME ver quando estivermos saindo? E se ela me chamar? Ai meu deus! To me sentindo numa ratoeira!

-- Eu acho que você fica tão bonitinho quanto se desespera Cæsar. disse Lílliam olhando-o firmemente nos olhos. E quem disse que ela nos verá? Ela parece estar procurando alguém? Qualquer um que não seja o garoto-jambo que ela tem a tira-colo? perguntou ela olhando-o.

Cæsar observou como sua esposa (EX-esposa, corrigiu-se mentalmente) estava embevecida na companhia daquele rapaz, e percebeu que ela já parecia um tanto bêbada: o riso fácil e alto, os gestos erráticos. Sim, provavelmente ela bebeu muito além da conta, deve ter-se encharcado de Cosmopolitan (maldita Sexy And The City! Maldita Jessica Parker!!; pensou Cæsar); mas alí ele viu sua melhor chance de passar despercebido. Como ela estava, Marta não poderia distinguir um camundongo de um porquinho-da-índia. Era simplesmente perfeito!
Virou-se para Lílliam e pediu para irem embora; ele realmente já se sentia bastante alto e não queria ficar olhando sua (ex)esposa se agarrando com o Don Juan ali.
Ela sorriu e disse:

"No meu quarto ou no seu" e explodiu numa gargalhada enquanto se desculpava dizendo: 'Eu SEMPRE quis dizer isso!'.
Cæsar ri desconcertado e murmura "onde você quiser, minha rainha". Ela se delicia, sorri e diz: "então, meu fiel e leal súdito, sua rainha declara que será no seu quarto".

Cæsar faz uma reverência (quase perdendo o equilíbrio ao fazê-la) lhe estende a mão e saem juntos do bar em direção ao elevador. Chegam ao apartamento 1304, ele abre a porta e ela salta sobre ele, beijando-lhe a nuca, mordiscando sua orelha. O corpo de Cæsar vibra, treme de desejo e excitação.

Ele lhe rasga as roupas atirando-a sobre a cama; joga-se sobre ela: a beijando, mordiscando os mamilos, lambendo-lhe o corpo enquanto ela arfa e suspira; incitando-o a continuar.

-- Eu te amo Lílliam! Não consigo imaginar minha vida sem você!! Não sei como, nem porquê, mas tenho certeza que te amo! Diz Cæsar enquanto a toma para si.

Lílliam sorri, encara-o nos olhos empurando-o levemente para longe de si e dispara:

-- Então você me ama, Cæsar?

-- Sim!

-- Diga que sou linda. Pede Lílliam enquanto lambe a orelha de Cæsar; ele estremece e atende seu desejo; enquanto a penetra, Lílliam gira e fica por cima dele, seu corpo quente e macio parecendo embrulhar o corpo de Cæsar.

-- Me adore! Cante meus louvores!! Diz Líiliam.

-- Você é linda! Eu te adoro, você é minha Deusa; minha única razão de existir...

-- SIM! MAIS CÆSAR; MAIS!

-- Huuuuuuuuummmm Líliam, que delícia. Nunca senti nada como isso antes! Você... Você... Você é meu corpo! Minha alma, minha mente! NADA EXISTE A NÃO SER VOCÊ!!

Um estranho e incomum fulgor rubro começa a surgir no quarto, como que irradiado dos corpos sobre a cama. Cæsar começa a sentir um calor que lhe invade o corpo, uma sensação como a embreagez.

-- Que é isso?! Delícia! Você é Maravilhosa, Lílliam! Parece que você me engole!

-- Quem sou eu Cæsar?!

-- Você é minha Deusa do Amor, da Paixão, da Carne! Você é meu tudo!

A brilho escarlate vai ficando cada vez mais intenso até que tudo é engolfado em um escaldante clarão encarnado.
Segundos depois o clarão cessa e Lílliam está sozinha na cama, com uma expressão satisfeita no rosto.
Ela espreguiça-se sobre o colçhão e levanta-se preguiçosamente, a meio caminho do banheiro ela ouve curtas batidas à porta; ela faz um leve gesto e a porta abre-se de par-a-par e um jovem alto, com uma pele lustrosa e extremamente bronzeada; um cabelo luxuriante e impactantes olhos verdes entra no quarto, sorrindo para Lílliam fez um suave gesto e a porta do quarto trancou-se.

-- Como foi a refeição? perguntou ele.

-- Simplesmente DE-LI-CI-O-SO! Adoro quando eles estão loucos, no auge da paixão e fornicam de forma violenta! Ela respondeu enquanto entrava no banheiro e ligava a ducha sendo seguido por ele.

-- Já podemos ir então? Estou famélico! diz ele enquanto entra sob a ducha com ela.

-- Mas Kaine... Eu disse que você poderia ter-se servido da esposa. Ela não era nenhuma ogro. Responde Lílliam olhando de soslaio.

-- Você me conhece, Senhora. Conhece meus gostos! Ela simplesmente não se enquadrava. Retrucava Kaine.

Eles abraçam-se sob a água e tomam banho juntos. Escutam baterem na porta, mais e mais batidas. A funcionárias do hotel anunciando o serviço de quarto.

-- Próxima cidade? Pergunta Lílliam.

-- A próxima!! Responde o homem chamado Kaine.

Eles dão-se as mãos e desvanecem no ar em meio a uma nuvem de fumaça de vapor que escapa da ducha quente.

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