quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Abismal: a Insanidade Desperta


Dos confins da existência, entidade ancestral,
Rompe o véu da realidade, loucura mortal.
Trazendo aos mortais a insanidade total.

Olhos profundos que refletem o abismo,
Presença sombria que faz tremer o íntimo.
Enlouquece mentes frágeis, destinos perdidos.

Em seu toque gélido, o desespero se instaura,
A sanidade se esvai, a razão se desfigura.

Desvenda segredos ocultos, mistérios antigos,
Mas sucumbem ao caos, tomento infinito.

Nas noites sombrias, a entidade vagueia,
Semeando medo e desespero na atmosfera.
Os mortais clamam por paz, por uma saída,

Ecoam gritos de angústia pelos corredores,
Enquanto ela ri, alimentando-se das dores.

Ó entidade ancestral, ser enigmático,
Teu poder é uma incógnita, um mistério oculto.
A loucura que trazes é teu legado imortal,
E a humanidade sucumbe ao teu domínio abismal.

terça-feira, 20 de junho de 2023

**O travesseiro**



Na cama, há quatro travesseiros, diferentes cores e tamanhos.

No primeiro, há uma coroa de flores secas e uma carta amarelada.
No segundo, há um livro aberto e uma pena.

No terceiro, há um colar de pérolas e um anel.
No quarto, há um mapa do mundo e uma bússola.

No centro da cama, pessoas abraçadas, cobertas por um lençol branco.
Dormem em profundidade, tranquilamente, com sorrisos nos semblantes.

Cabelos loiros e olhos azuis. Usa uma túnica verde e um manto marrom.

Cabelos pretos e olhos verdes. Usa uma túnica preta e um manto cinza.

Na parede atrás da cama, um quadro com a pintura de uma pessoa. Cabelos castanhos e olhos castanhos. Usa uma túnica vermelha e um manto azul.
No chão ao lado da cama, há uma espada e um escudo com um brasão desgastado, irreconhecível.

 Eis agora um viajante misterioso, que chegou ao castelo na noite anterior, transmitindo uma sensação de paz, amor e felicidade.

sábado, 3 de junho de 2023

O Despertar de Belka


Belka latia de medo dentro da cápsula espacial. A missão fora um fracasso. O foguete se desviou da órbita e se aproximava de um buraco negro. De repente a nave começa a vibrar. Belka sentiu uma estranha sensação de leveza e uma luz brilhante à frente do pequeno módulo. Ela atravessou um portal e chegou a um mundo desconhecido. Lá, ela encontrou outros animais que falavam e pensavam como ela. Eles a acolheram e lhe ensinaram sobre sua cultura e história. Belka descobriu que era uma cosmonauta de um universo paralelo, onde os humanos eram dominantes. Ela se sentiu livre e feliz pela primeira vez em sua vida. Ela tinha encontrado seu lar.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A Boca Rubra



O coração perfurado
A boca rubra,
Sangue... Saliva morna
Mergulhe em mim,
Beba meu corpo fresco

Gostos e sensações
Olhos enluarados dos teus
Um sol amanhece que já não mais
clareia a escuridão.

O coração perfurado
A boca rubra,
Sangue... Saliva morna
Infiltre-se nas delicadezas de meu ser,
Rasure meus confortos e permaneça...


quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Oracular

(Mozak)



A Luz desce.
A Luz detém-se no Limiar.

Desde aí, em profundidade com o Ser.
Fala, guia, dá à todas as sombras seu devido nome.

Para isso lembra: o toda matéria se acabará, deixa tua mente quieta, cala tua voz e ouve.
Só assim teu anseio de paz se tornará verdade.

É quando a Paz Final te receberá no silêncio infinito...



*Frankj Costa*

sábado, 20 de agosto de 2016

Na pequena caixa


Na minha pequena e velha caixa de lata, estava escondido um botão quebrado do meu casaquinho de infância.

Lembrando-me que o tempo é de dupla natureza - mesmo que ninguém atente - e então sou transportado para aquele momento embora eu permaneça aqui... como eu gostaria de ficar lá. 

Uma velha carta dobrada de baixo das pilhas de roupas no meu armário me leva para toda a glória escrita nela: lugares visitados e amados - o espaço não está consolidado. 

As velhas tábuas do assoalho da casa onde cresci me dão um vislumbre de como a vida era suposta ser - como sempre fazem as crianças em seus sonhos pueris - a vida é uma constante, apesar das mudanças. 

A fotografia desbotada de um feliz momento de um passado agora cada vez mais distante, percebo como lembranças são estranha: bonitas e tristes ao mesmo tempo - lembrando-me as contradições de querer governar nosso destino sempre. 

Em tal cativeiro de tempo, espaço, vida e destino, eu me laço em um feitiço mágico: Recordar. 

Que me liga a um contentamento para sempre de tudo o que é - me dizendo que nada mais importa, mas é.

Não importa o que. E então isto se torna tudo para mim. Todos os momentos, em todos os lugares, tudo se torna isto.
E eu percebo quem sou: Eu sou ele.













quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Maha Alauyama

    A madrugada estava alta. Mais alto ainda estava eu: duas garrafas de gin, uma de vinho; até a meia garrafa de malte escocês (esquecida por alguém no último réveillon) entrou na ciranda.

    Com minha última dose de malte - servida chorosa e abundantemente - sentei à janela com um cigarro acesso e a mente fervilhando; pensamentos desconexos em recordações fragmentárias.
    Uma memória ignota que teima em recontar de si para si a própria história: editada, revista e revisada, a cada novo ocaso.

    O vento alisa meu rosto como tépidas mãos desprovidas de quaisquer anseios. Ao longe ouço o ribombar dum trovão; embora eu não houvesse visto o seu relâmpago... Pouco depois uma fina e gélida chuva começa a entrar pela janela, completando meu copo de malte, me deixando de corpo lavado, mente embotada; imersa em plena solidão.
    Apaga-se o encharcado cigarro, que esquecido pendia em minha mão. Do outro lado da rua, o vento traz-me uma canção...

“...
Now you say you’re sorry,
For bein’ so untrue
Well, you can cry me a river,
cry me a river
I cried a river over you
...

    E a música derruba minhas muralhas, abre a represa de minha’lma e vejo-me impotente, chorando sob a chuva fria, à janela de uma casa vazia e gélida. Pondo-me de pé, me debruço sobre o parapeito, meus olhos mergulhando no rio de luzes dos carros passantes na via expressa; metros abaixo.
    No armário do banheiro ainda resta um vidro de MAPEZAIDO (do tempo em que vivias comigo). Deito uns comprimidos dentro do copo, olho-os enquanto se desmancham no malte – agora completado com chuva e bourbon -, emprestando uma coloração banco-leitosa ao rubor da bebida e uma textura arenosa ao seu sabor.

    No horizonte vejo o sol surgindo por entre as nuvens; o céu vermelho-alaranjado, como a bebida em minhas mãos.
    A chuva arrefece e sinto o cheiro da manhã invadir a casa, me invadindo junto.
    Sinto as pálpebras pesando a cada gole dado em meu Bourbon. Some minha percepção de mim, assim como some o sol do horizonte no cerrar pétreo de meus olhos.