segunda-feira, 6 de abril de 2015

-10ºC


Alguém me disse que eu deveria entender...
Entendê-la?

Não entendo, ao certo, como surgiu.

Mas há uma camada de gelo sobre tudo aquilo que construí!
Realmente, passamos nossas vidas construindo, produzindo, criando um ambiente que propicie a quem amamos, tanto quanto a nós, algo de belo, de sublime, de completo nesta vil realidade em que vivemos.

Então chega o inverno de nossa alma, e percebo como meus esforços não são valorizados.
No entanto certos...
Não vejo mais beleza alguma: tudo é branco e cinza e sem cor e sem alegria.
Fica somente a tristeza e a nostalgia do que um dia foi belo.

Houveram pessoas importantes que me ajudaram enquanto eu erijia meu Castelo de Esperanças.
Onde estão agora? Não sei.
O Inverno d'Alma as engoliu e me deixou só.
Tanto zelo...

E vejo tudo ser coberto pelo gelo dos corações mal-amados, pela escuridão da alma de muitos...
Posso até ter sonhos e alegrias... mas esse gelo que nasce no coração de tantos...
Quisera que fossem as obras em gelo de Harbin, na China; e não este tenebroso inverno que a tudo consome, desgasta, aniquila...

Como as árvores de um jardim coberto pela neve após uma temporada de inverno, sinto-me perdendo as folhas, ficando apenas os galhos secos...
Tudo parece sem nexo, não se entende nada!
Não espero que o gelo derreta e volte tudo ao normal, mas o inverno sempre chega...
E é sempre um novo começo...

E de novo olho para a arma em cima da mesa: a lustro, a lubrifico, a carrego e mais uma vez a deixo lá, dizendo carinhosamente: "Hoje não. Ainda não".

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